Identificação de uma flecha do tempo gravitacional

segunda-feira, dezembro 29, 2014

Identification of a Gravitational Arrow of Time

Phys. Rev. Lett. 113, 181101 – Published 29 October 2014

Julian Barbour, Tim Koslowski, and Flavio Mercati

ABSTRACT

It is widely believed that special initial conditions must be imposed on any time-symmetric law if its solutions are to exhibit behavior of any kind that defines an “arrow of time.” We show that this is not so. The simplest nontrivial time-symmetric law that can be used to model a dynamically closed universe is the Newtonian N-body problem with vanishing total energy and angular momentum. Because of special properties of this system (likely to be shared by any law of the Universe), its typical solutions all divide at a uniquely defined point into two halves. In each, a well-defined measure of shape complexity fluctuates but grows irreversibly between rising bounds from that point. Structures that store dynamical information are created as the complexity grows and act as “records.” Each solution can be viewed as having A past and two distinct futures emerging from it. Any internal observer must be in one half of the solution and will only be aware of the records of one branch and deduce a unique past and future direction from inspection of the available records.

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DOI: http://dx.doi.org/10.1103/PhysRevLett.113.181101

Encontrando partículas mais velozes do que a luz, pesando-as.

sábado, dezembro 27, 2014

Six observations consistent with the electron neutrino being a tachyon with mass: m2νe=0.11±0.016eV2

Source/Fonte: PhysOrg

Six observations based on data and fits to data from a variety of areas are consistent with the hypothesis that the electron neutrino is a m2νe=0.11±0.016eV2 tachyon. The data are from areas including CMB fluctuations, gravitational lensing, cosmic ray spectra, neutrino oscillations, and 0νdouble beta decay. For each of the six observations it is possible under explicitly stated assumptions to compute a value for m2νe, and it is found that the six values are remarkably consistent with the above cited νe mass (χ2=2.73). There are no known observations in clear conflict with the claimed result. Three checks are proposed to test the validity of the claim, one of which could be performed using existing data.
Subjects:General Physics (physics.gen-ph)
Cite as:arXiv:1408.2804 [physics.gen-ph]
 (or arXiv:1408.2804v7 [physics.gen-ph] for this version)

Submission history

From: Robert Ehrlich [view email]
[v1] Sun, 20 Jul 2014 17:19:08 GMT (141kb)
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[v3] Sun, 7 Sep 2014 22:38:24 GMT (35kb)
[v4] Tue, 9 Sep 2014 19:39:39 GMT (36kb)
[v5] Sun, 14 Sep 2014 20:59:48 GMT (36kb)
[v6] Thu, 25 Sep 2014 15:12:25 GMT (36kb)
[v7] Thu, 18 Dec 2014 19:34:59 GMT (100kb)
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O fato, Fato, FATO da evolução está em crise sem uma teoria...

terça-feira, dezembro 23, 2014

Durma-se com um barulho desses! Ontem, a evolução era uma teoria em crise, hoje, a evolução está em crise sem uma teoria! Razão? A atual teoria da evolução - a SÍNTESE EVOLUTIVA MODERNA entrou em colapso heurístico no contexto de justificação teórica

A nova teoria geral da evolução - a SÍNTESE EVOLUTIVA AMPLIADA - não será selecionista (contra Darwin 1) e vai incorporar aspectos neolamarckistas (contra Darwin 2) será anunciada só em 2020. E a Nomenklatura científica tupiniquim de bico calado, nada falando e nem querendo que isso seja abordado publicamente. Inocentes!!! Essas informações estão disponíveis na Internet.


A ciência abomina o vácuo epistêmico. Então, como estão fazendo biologia evolutiva? Abracadabra? Entranhas de animais? Leitura dos astros e estrelas? Leitura das mãos? Cartas de tarô? Búzios???

Fui, nem sei por que, rindo da cara de alguns cientistas evolucionistas fundamentalistas, xiitas, que teimam em apostar no pangaré evolucionário de Darwin apesar de uma enorme montanha de evidências contra o fato, Fato, FATO de evolução.

Ué, mas essa não era a maior ideia que toda a humanidade já teve? E o que se depreende é que não é assim uma Brastemp? E que não está com toda essa Coca-Cola que a Galera dos meninos e meninas de Darwin alardeia???

Diversidade molecular profunda de sinapses de mamíferos: por que importa e como medi-la

Nature Reviews Neuroscience 13, 365–379 (1 June 2012)

doi:10.1038/nrn3170

Deep molecular diversity of mammalian synapses: why it matters and how to measure it

Nancy A. O'Rourke , Nicholas C. Weiler , Kristina D. Micheva & Stephen J. Smith


Abstract

Pioneering studies in the middle of the twentieth century revealed substantial diversity among mammalian chemical synapses and led to a widely accepted classification of synapse type on the basis of neurotransmitter molecule identity. Subsequently, powerful new physiological, genetic and structural methods have enabled the discovery of much deeper functional and molecular diversity within each traditional neurotransmitter type. Today, this deep diversity continues to pose both daunting challenges and exciting new opportunities for neuroscience. Our growing understanding of deep synapse diversity may transform how we think about and study neural circuit development, structure and function.

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Nature Reviews Neuroscience

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NOTA DESTE BLOGGER:

Para pensar cum grano salis - mero acaso, fortuita necessidade ou 100% design inteligente?

Apenas uma sinapse é como um microprocessador - elementos de armazenagem de memória e processamento de informação - do que apenas um interruptor liga-desliga. Na verdade, uma sinapse pode conter 1.000 interruptores de escala molecular. Cada uma delas tem em torno de 100.000 proteínas! O cérebro humano tem mais interruptores do que todos os computadores e roteadores e conexões da Internet na Terra.

Por que? Porque um cérebro saudável tem em torno de 200 bilhões de células nervosas, que são conectadas entre si via CENTENAS DE TRILHÕES de sinapses. Cada uma funcionando como um microprocessador, e dezenas de milhares delas podem conectar um neurônio a outras células nervosas.

Somente no córtex cerebral, há aproximadamente 125 trilhões de sinapses, número suficiente de estrelas para preencher 1.500 galáxias na Via Láctea.

Revisão por pares: um processo falho no coração da ciência e das publicações científicas

segunda-feira, dezembro 22, 2014

Peer review: a flawed process at the heart of science and journals

Richard Smith

Chief Executive, UnitedHealth Europe

E-mail: richardswsmith@yahoo.co.uk

Peer review is at the heart of the processes of not just medical journals but of all of science. It is the method by which grants are allocated, papers published, academics promoted, and Nobel prizes won. Yet it is hard to define. It has until recently been unstudied. And its defects are easier to identify than its attributes. Yet it shows no sign of going away. Famously, it is compared with democracy: a system full of problems but the least Vaguely Unpleasant we have.

When something is peer reviewed it is in some sense blessed. Even journalists recognize this. When the BMJ published a highly controversial paper that argued that a new `disease', female sexual dysfunction, was in some ways being created by pharmaceutical companies, a friend who is a journalist was very excited—not least because reporting it gave him a chance to get sex onto the front page of a highly respectable but somewhat priggish newspaper (the Financial Times). `But,' the news editor wanted to know, `was this paper peer reviewed?'. The implication was that if it had been it was good enough for the front page and if it had not been it was not. Well, had it been? I had read it much more carefully than I read many papers and had asked the author, who happened to be a journalist, to revise the paper and produce more evidence. But this was not peer review, even though I was a peer of the author and had reviewed the paper. Or was it? (I told my friend that it had not been peer reviewed, but it was too late to pull the story from the front page.)

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Maurício Tuffani e a caixa preta do Design Inteligente

domingo, dezembro 21, 2014

A caixa-preta do design inteligente

POR MAURÍCIO TUFFANI
21/12/14  03:33

O movimento negacionista da teoria da evolução de Charles Darwin (1809-1892) voltou a ser notícia recentemente ao realizar em Campinas (SP) o 1º Congresso Brasileiro do Design Inteligente. Há poucos dias, organizadores desse evento contestaram um manifesto em defesa da evolução de professores e pós-graduandos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Essa tréplica foi noticiada na quinta-feira (18.dez) por meu colega Reinaldo Lopes em seu blog “Darwin e Deus”.

Diferentemente do criacionismo tradicional, a teoria do design inteligente (TDI) não é baseada na interpretação literal bíblica sobre a criação do mundo e dos seres vivos. Não há entre os cientistas adeptos dessa teoria partidários da ideia de que o universo existe há menos de 6 mil anos.

Os adeptos da TDI alegam que a evolução por meio da seleção natural é uma teoria em crise porque que não consegue explicar diversas etapas da transformação dos seres vivos a partir de primitivos compostos orgânicos, há centenas de milhões de anos. A única explicação possível para essas lacunas, segundo a TDI, é a de que etapas cruciais dessas transformações resultaram da interferência de uma instância inteligente.

Na TDI não há sugestões de modelos explicativos para superar o alcance da teoria da evolução (TE). As inovações propostas pelo design inteligente são conceitos destinados a apontar limites da seleção natural. Exceto por sua postulação sobrenatural, a TDI não tem referenciais próprios, mas somente da teoria que pretende substituir. Sua agenda é reativa, pautada pela negatividade e sem um foco concreto na ampliação do conhecimento.

O design

Ao questionar o modelo darwinista, os adeptos da TDI afirmam que os avanços da bioquímica a partir dos anos 1950 revelaram que a origem da vida envolveu transformações complexas e impossíveis de terem sido realizadas sem a interferência externa de uma atividade inteligente. Eles chamam essa intervenção de planejamento ou design inteligente.

Em seu livro de 1996, o bioquímico Michael Behe, da Universidade Lehigh, nos estados Unidos, um dos principais defensores dessa teoria, afirmou:

“A necessidade de controle é óbvia no caso das máquinas que usamos na vida diária. Uma serra que não pudesse ser desligada seria um grande perigo, e um carro sem freios tampouco teria utilidade. Sistemas bioquímicos também são máquinas que usamos na vida diária (quer pensemos nelas ou não) e também têm de ser controladas.”
(Michael Behe, “A Caixa-Preta de Darwin: O desafio da bioquímica à teoria da evolução”, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1997, pág. 161)
Em sua resposta ao manifesto da UFRGS, os adeptos brasileiros da TDI, liderados pelo químico Marcos Eberlin, da Unicamp, destacaram, mas sem justificar devidamente com referências, que as chances para a origem da vida na Terra há centenas de milhões de anos teriam sido de uma para um número representado pelo algarismo “1” seguido por 10.123 zeros (1/1010123).

Em 29 de abril de 2010, em sua palestra de encerramento do 3º Seminário Internacional Darwinismo Hoje, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, Eberlin mostrou uma probabilidade maior, que seria de um quociente com 195 zeros (1/10195), mas alegando que ela não seria alcançada nem mesmo por todos os recursos probabilísticos do universo.

Refutações

Ao se contrapor à TDI e até mesmo ao criacionismo bíblico, evolucionistas muitas vezes incorreram em graves erros do ponto de vista epistemológico e até mesmo do lógico. A principal bobeada tem sido a afirmação de que a seleção natural é “cientificamente comprovada”.

Na epistemologia, até mesmo aqueles que não simpatizam com o trabalho do filósofo da ciência austríaco Karl Popper (1902-1994) reconhecem a demolição por esse pensador da crença cientificista de que uma teoria pode ser provada. Seu clássico “A Lógica da Pesquisa Científica”, de 1934, deixou definitivamente claro que uma teoria pode ser corroborada por observações e experimentações —ou seja, sobreviver à confrontação empírica— ou refutada por elas, mas nunca pode ser comprovada.

Popper, no entanto, não era um refutacionista ingênuo. Assim como outros estudiosos da epistemologia desde essa sua obra, ele sabia que do ponto de vista prático é razoável admitir explicações casuístas (“ad-hoc”) para anomalias, de modo a preservar as teorias, principalmente na falta de alternativas para substituição.

Essa opção pela preservação da teoria em face de anomalias é ressaltada por muitos adeptos da TDI ao se insurgirem contra o darwinismo, como mostra a citada resposta de seus adeptos brasileiros ao manifesto da UFRGS:
“(…) poderíamos mencionar aqui quase uma centena de artigos científicos, de renomados e abalizados cientistas evolucionistas, questionando a robustez de alguns aspectos fundamentais da TE no contexto de justificação teórica e que apontam para outra direção.”
Paradigmas

É com base nesse ponto que alguns defensores da TDI têm invocado o trabalho do físico teórico e historiador da ciência norte-americano Thomas Kuhn (1922-1996). Em seu livro “A Estrutura das Revoluções Científicas”, de 1962, esse autor mostrou porque nem sempre a confrontação empírica é decisiva na preservação ou substituição de teorias.

Kuhn estabeleceu o conceito de “paradigmas”, que são compromissos conceituais, metodológicos e instrumentais compartilhados pelos membros de uma especialidade científica durante um determinado período. Um paradigma, diz Kuhn, dirige a pesquisa científica para a articulação dos fenômenos já definidos por ele e reforçados pela educação profissional. Segundo o autor:

“A ciência normal não tem como objetivo trazer à tona novas espécies de fenômenos; na verdade, aqueles que não se ajustam aos limites do paradigma freqüentemente nem são vistos”.
(Thomas Kuhn, “A Estrutura das Revoluções Científicas”, Editora Perspectiva, São Paulo, 1982, pág. 45)
Afirmações como essa têm sido aproveitadas por defensores da TDI, para os quais revisões críticas dentro do próprio darwinismo deveriam levar a refutações à TE. Esta, no entanto, segundo os antievolucionistas, conseguiria prevalecer por ser amplamente majoritária nas universidades e instituições de pesquisa. Como afirmou Behe em seu livro já citado,

“Muitas pessoas, inclusive importantes e renomados cientistas, simplesmente não querem que um ser sobrenatural afete a natureza, por mais curta ou criativa que essa intervenção tenha sido.”
(Behe, “A Caixa-Preta de Darwin”, pág. 245).
Zona de conforto

Lamentavelmente, grande parte dos pesquisadores evolucionistas jamais se dispôs a responder às críticas de adeptos da TDI. Certos de conseguirem manter as publicações acadêmicas praticamente imunes à apresentação e à aceitação de artigos contrários à TE, muitos cientistas têm optado por ignorar essas contestações.

Na imprensa, por sua vez, muitos jornalistas e editores de ciência não têm dado espaço para abordagens sobre o assunto, seja pela escassez de artigos devidamente avalizados sobre a TDI, seja por considerarem essa teoria como um criacionismo disfarçado de ciência.

No caso dos argumentos epistemológicos, essa indisposição para o debate foi ainda maior, menos movida pela indiferença provida da zona de conforto do que pelo fato de que lógica e filosofia da ciência geralmente não são disciplinas prioritárias na formação de cientistas.

Assombrações

De um modo geral, as manifestações acadêmicas sobre a TDI têm ocorrido sob a forma de documentos coletivos de entidades científicas ou de grupos de pesquisadores, como foi o caso do posicionamento na UFGRS. Em que pese a pertinência de argumentos apresentados, esse procedimento tem sido pouco eficiente para promover um debate sobre o assunto. Para a maioria tem servido muito mais como uma forma de recusa de debate. Felizmente também têm surgido blogs ou redes sociais de evolucionistas com boas contribuições, mas com alcance restrito.

Com essas e outras, o fantasma criacionista empurrado pela academia e pela imprensa para dentro do armário tem conseguido muitas vezes explorar o vazio deixado na opinião pública por cientistas e jornalistas.

Contra essas assombrações, os poucos antídotos disponíveis de maior alcance mais recentes têm sido alguns livros de divulgadores da ciência como “Deus, um Delírio” (2006), do geneticista britânico Richard Dawkins, e “Quebrando o Encanto” (2006), do filósofo da ciência e neurocientista norte-americano Daniel Dennett, e a série de televisão “Cosmos: Uma odisseia no tempo”, do astrônomo norte-americano Neil deGrasse Tyson e remake de “Cosmos: Uma viagem pessoal”, de 1980, idealizada e apresentada pelo astrônomo Carl Sagan (1934-1996).

Falácias

Na verdade, o apelo aos clássicos da epistemologia em favor da TDI só é possível por meio de falácias, a começar pela incompatibilidade com a proposta do planejador inteligente como axioma não só para a biologia, mas também para a paleontologia, a bioquímica e outras áreas associadas à evolução. Como exemplo dessa formulação, recorrerei novamente a Michael Behe, que é um dos defensores dessa teoria menos enfáticos no proselitismo religioso.

“Há um elefante em uma sala cheia de cientistas que tentam explicar o aparecimento da vida. O elefante é rotulado de ‘planejamento inteligente’. Para uma pessoa que não se sente obrigada a restringir sua busca a causas não-inteligentes, a conclusão óbvia é que muitos sistemas bioquímicos foram planejados. Eles foram desenhados não por leis da natureza, pelo acaso ou pela necessidade; na verdade, foram planejados. O planejador sabia que aparência os sistemas teriam quando completos, e tomou medidas para torna-los realidade em seguida. A vida na Terra, em seu nível mais fundamental, em seus componentes mais importantes, é produto de atividade inteligente.”
(Behe, “A Caixa-Preta de Darwin”, pág. 195)
Além de não apresentar um modelo explicativo alternativo ao mecanismo da seleção natural, essa postulação gera graves implicações não só em seus aspectos epistemológicos, mas até mesmo do ponto de vista lógico.

Sem confrontação

A ser aceita como verdadeira a hipótese de uma “mente inteligente” condutora da transformação dos seres vivos, e adotada como princípio fundamental para a TDI, essa teoria se torna ambiguamente capaz de deduzir não só uma predição expressa por um enunciado A como também seu contraditório não-A.

Embora espera-se que os adeptos do design inteligente não se atrevam a cometer o disparate de realizar deduções desse tipo, a simples contaminação da TDI por essa possibilidade impede essa teoria de ser confrontada empiricamente por meio de observações ou experimentos.

Em outras palavras, as inferências ou deduções a partir do axioma central da TDI não poderão ter conteúdo empírico, ou melhor, não atenderão ao requisito da falseabilidade, formulado por Popper como critério de demarcação entre as ciências empíricas e outras formas de conhecimento. Tudo estará subordinado à vontade de uma “mente inteligente” capaz de direcionar as mutações para qualquer direção que se queira, seja pela vontade do designer sobrenatural ou da conveniência de seus criadores mundanos.

Teoria estéril

A falta de um modelo explicativo que seja uma alternativa à seleção natural é uma omissão muito mais grave que as lacunas dos registros fósseis ou as faltas de explicações para determinadas transições evolutivas.

No final das contas, as principais formulações teóricas dos proponentes da TDI são muito mais objeções à TE. É o caso, por exemplo, do conceito de complexidade irredutível, descrito por Behe:

“Com irredutivelmente complexo quero dizer um sistema único composto de várias partes compatíveis que interagem entre si e que contribuem para sua função básica, caso em que a remoção de uma das partes faria com que o sistema deixasse de funcionar de forma eficiente.”
(Behe, “A Caixa-Preta de Darwin”, pág. 48)
Em outras palavras, o conceito de sistema irredutivelmente complexo serve para definir o que não poderia ser explicado pela seleção natural. Embora o próprio Behe admita em seu livro que nem tudo o que não tem explicação  não pode ser considerado impossível de vir a ser explicado (pág. 179), o autor lamentavelmente formulou esse conceito que a priori rejeita a possibilidade de virem a serem formuladas explicações evolutivas para esses sistemas a partir de outras estruturas.

Desse modo, no conceito de complexidade irredutível há uma boa dose de aposta naquilo que os lógicos chamam de falácia do “argumentum ad ignorantiam”, o qual, trocando em miúdos, equivale à afirmação de que se não conheço uma coisa, ela não existe.

Em que pesem as críticas a Michael Behe, é preciso reconhecer que ele e alguns proponentes da TDI têm se mantido distantes da militância obscurantista de criacionistas bíblicos e suas instituições. Infelizmente, esses bons exemplos de independência não têm sido seguidos por todos adeptos do design inteligente. Boa parte deles parece muitas vezes apostar nas mesmas ingerências religiosas espúrias no plano da ciência que foram fomentadas e acirradas desde a primeira metade do século 20.

Acirramento

Os apelos de adeptos da TDI à obra de Thomas Kuhn começaram como argumentos em favor da mudança paradigmática por meio do reconhecimento dessa teoria pela academia. No entanto, isso não seria possível mesmo que houvesse na TDI um modelo explicativo alternativo à seleção natural e não se fundamentasse em um axioma incompatível com a falseabilidade. Na verdade, a teoria de Kuhn não formula nenhuma obrigação de substituição de um paradigma por outro mais novo. Segundo esse pensador,

“A competição entre segmentos da comunidade científica é o único processo histórico que realmente resulta na rejeição de uma teoria ou na adoção de outra.”
(Kuhn, “A Estrutura das Revoluções Científicas”, pág. 27)
No entanto, os apelos de adeptos do design inteligente ao pensamento de Kuhn já passaram há algum tempo para outra linha de ação, que é a da desqualificação dos seus contrários. Ou seja, a obra desse autor passou a ser invocada para culpar a academia por não reconhecer a TDI e por não serem aceitos pelos periódicos de prestígio os artigos baseados nessa teoria. É uma afronta ao pensamento de Kuhn sua obra servir como álibi para a precariedade epistêmica do design inteligente.

Na verdade, a TDI tem dado razões de sobra para ser rejeitada pela academia, seja pelo envolvimento com as hostes do criacionismo bíblico, seja por sua precariedade epistêmica. Essa fragilidade se deve não só a seu fundamento sobrenatural e avesso à confrontação empírica, mas também à falta de modelos explicativos e a seus conceitos destinados apenas a negar a evolução.


Longe de ter seu foco na ampliação do conhecimento, a agenda da TDI é reativa e referenciada na teoria que pretende demolir. Essa agenda de orientação negativa é a verdadeira caixa-preta do design inteligente.


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NOTA DESTE BLOGGER:

Um artigo bem elaborado do Maurício Tuffani que exige leitura e releitura cum grano salis para uma réplica à altura.


A liberdade científica: Michael Polanyi e a defesa da ciência pura

sábado, dezembro 20, 2014

20/12/2014 às 11:00 \ Ciência e Tecnologia, Filosofia política

A liberdade científica: Michael Polanyi e a defesa da ciência pura

“A crença principal – diria mesmo, fundamental – que embasa uma sociedade livre é a de que o homem é receptivo à razão e suscetível aos reclamos de sua consciência.” (Michael Polanyi)

Nascido em 1891 em Budapeste, Michael Polanyi vinha de uma família de ilustres cientistas, e ele mesmo acabou se especializando em química. Seu interesse por política se intensificou, no entanto, durante as décadas de 30 e 40, com o mundo vivendo sob intensa incerteza acerca do futuro. Fundou em 1947, ao lado de figuras como Hayek, Popper, Milton Friedman e George Stigler, a Sociedade Mont Pelerin, uma das mais renomadas defensoras do liberalismo no mundo.

No livro A Lógica da Liberdade, defendeu principalmente a liberdade científica, utilizando sólidos argumentos para tanto. Mas sua visão de mundo levava à defesa de uma liberdade mais ampla, de uma sociedade realmente livre, onde as ordens sociais mais importantes para o bem-estar dos homens são espontâneas.

Polanyi depositou uma relevância enorme na necessidade da ciência pura – ciência pela ciência, como busca pela verdade – ser mantida, enquanto muitos defendiam na época que a ciência só era válida se tivesse uma utilidade social clara ou até imediata. Foi bem claro ao escrever: “Temos que reafirmar que a essência da ciência está no amor ao conhecimento e que a utilidade desse último não é nossa preocupação primordial”.

Tal visão batia de frente com o marxismo de seu tempo, que tratava da ciência apenas como um instrumento para o bem-estar material, que seria antes utilizado pela burguesia de acordo com interesses de classe. Ele não aceitava essa imagem da ciência, e lutou para desvincular a atividade científica criativa de uma visão determinista do mundo.

A ciência moderna, para Polanyi, “é o resultado de uma rebelião contra a autoridade”. O caminho teria sido aberto por pessoas como Descartes, Galileu e Newton. A busca pelo conhecimento irá sempre partir de determinadas crenças individuais, e a liberdade da ciência “consiste no direito de buscar a exploração dessas crenças e de defender, sob sua orientação, os padrões da comunidade científica”. Para que isso seja possível, é necessário certo grau de autogoverno que assegure posições independentes para os cientistas.

Como conseqüência, a liberdade da ciência não pode ser defendida com base na concepção positivista da ciência, “a qual envolve um programa positivista para a ordenação da sociedade cuja implementação completa resultaria na destruição da sociedade livre e no estabelecimento do totalitarismo”. O exemplo claro desse perigo estava na Rússia, onde o movimento positivista acabou praticamente culminando com a derrubada da própria ciência.

A liberdade acadêmica se faz crucial para o avanço do conhecimento e da ciência. Esta liberdade consiste “no direito de escolher o problema a investigar, em conduzir a pesquisa sem qualquer controle externo e em ensinar o assunto em pauta à luz de opiniões próprias”. Para Polanyi está muito claro que no dia em que as comunicações entre cientistas forem cortadas, a ciência praticamente paralisará. A cooperação livre e independente entre os cientistas, em um ambiente com uma tradição científica, é fundamental para o processo científico.
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NOTA DESTE BLOGGER:

Michael Polanyi antecipou em décadas aos teóricos do Design Inteligente quando se opôs à planificação científica, sendo sua epistemologia da ciência a crença na natureza individual dos descobrimentos, e livre das interferências dogmáticas ou oficiais, pois a ciência é um construto humano passível de revisão ou descarte. Os atuais paradigmas da origem e evolução do universo e da vida colapsaram na metade do século 20 e início do século 21, mas a Nomenklatura científica se recusa reconhecer sua falência heurística no contexto de justificação teórica!

O Movimento do Design Inteligente nos Estados Unidos tentou criar o Michael Polanyi Center for Complexity, Information, and Design na Universidade Baylor, Waco, TX, que consideraria a teoria do design Inteligente, mas a Nomenklatura científica reagiu contra numa luta titânica. Vide relato de William Dembski.