Reinaldo Azevedo, VEJA, 'falou e disse': Não somos homofóbicos

quinta-feira, dezembro 09, 2010

09/12/2010 às 6:35


Não somos homofóbicos

Vamos criar um pouco de confusão? Ultimamente, só o Caetano Veloso demonstra alguma disposição para o debate, hehe.

Há homofóbicos no Brasil, mas é evidente que este não é um país homofóbico, que repudie gays ou a subcultura gay — o “sub” aqui não quer dizer “inferior”, viu, gente! Refiro-me apenas a um conjunto de valores de um grupo que compõe os valores mais gerais da sociedade. Homossexuais estão na política, na universidade, nas novelas, nas revistas de celebridade, em todo canto. A parada gay brasileira, parece, é a maior do mundo. Clodovil e Dener eram figuras de destaque em plena ditadura militar. Um gay, já lembrei aqui, venceu um dos BBBs e pode chegar agora à Câmara dos Deputados (há um pendenga no TSE aí…). No programa de TV, a chacota de alguns machões lhe foi providencial. Na primeira vez em que foi para o paredão, Pedro Bial lhe perguntou se ele imaginava o motivo: “Acho que é porque eu sou gay”. Selava ali a sua vitória.

Como sabemos, ninguém é contra a discriminação em si — a discriminação negativa faz as vítimas; a positiva, os vitoriosos e, às vezes, até os inimputáveis. Lula é o caso: “Eles me discriminam porque sou operário e não sei falar inglês!” É mentira, mas funciona. A partir daí, ele pode falar em português todas as besteiras que lhe vêm à cachola. Os cretinos preconceituosos mal sabem que são os principais aliados da indústria da reparação e do vitimismo triunfante.

Já chamei aqui o PL 122 de “AI-5 gay”. E é mesmo! Há barbaridades flagrantemente inconstitucionais contidas no projeto. Não repetirei argumentos. Algumas bestas quadradas tentaram qualificar meu texto como homofóbico, especialmente aqueles incapazes de ler o que está escrito. Levariam pau no exame de leitura do PISA, aquele em que o Brasil do Apedeuta voltou a dar vexame. Todo mundo tem lá seus preconceitos, não é mesmo? Se você, leitor, é um conservador, por exemplo, sabe bem o que significa ser alvo do rancor dos progressistas, por exemplo…

Mais de uma vez, já me disseram algo como: “Ah, diga a verdade: você diz que é católico só para escandalizar as pessoas, né? Como um ser racional pode ser católico?”. E eu juro que são abordagens que procuram ser simpáticas, sem nenhuma carga de… preconceito! Naquele texto, defendi a união civil de homossexuais e a adoção de crianças por pares gays — desde que tenham comprovadas condições psicológicas e financeiras para tanto. Muita gente reclamou por isso também. Fazer o quê? Não! Não o fiz para “provar” que não sou homofóbico. Eu não tenho de provar porcaria nenhuma pra ninguém e não me rendo a patrulhas! Escrevo o que acho que tenho de escrever. Não entregarei os meus direitos constitucionais à arbitragem de minorais organizadas que acreditam poder mais do que a lei.

Em julho, viajei com a mulher e as filhas para Nova York. Fomos em busca do aquecimento regional, hehe… Aproveitamos para ver A Gaiola das Loucas na Broadway, no Longacre Theatre, uma sala pequena, que tem uma história interessante. O dono também tinha um time de baseball. Vendeu seu principal jogador para sustentar o teatro… A América, se me permitem, é show de bola! É uma peça gay. Um grande espetáculo! Mas volto ao ponto. Devo ter alguns preconceitos, mas não esse. Foi uma noite divertidíssima. Também fomos rezar — três de nós ao menos; uma das moças, tudo indica, é agnóstica (”que pai é você, Reinaldo?”) — na St. Patrick’s Cathedral, ou Catedral de São Patrício. Não fui me penitenciar de nada, não! A graça da vida está na diversidade e na pluralidade, desde que não se justifique o mal — a justificação do mal, esta sim, é o verdadeiro reacionarismo, seja você branco, preto, gay, hétero, gordo, magro, corintiano ou flamenguista.

Pressão do lobby

A pressão do lobby da militância gay, no entanto, para caracterizar o país como homofóbico — assim como o Estatuto da (des)Igualdade Racial procurou torná-lo racista — é gigantesca. Nos dos casos, a imprensa entra como grande aliada da causa. Na Folha de hoje, Laura Capriglione, a minha musa das enchentes (está chegando a hora de ela tirar as galochas do armário) conta o caso do Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
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Leia mais aqui: Blog do Reinaldo Azevedo

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NOTA DESTE BLOGGER:

Também não sou homofóbico, mas sou visceralmente contra o PL-122 na forma que está redigido: uma mordaça gayfascista! Se os crentes de subjetividades religiosas forem politicamente articulados como os gays, serão mais de 40 milhões de prisioneiros de consciência - liberdade de expressar suas opiniões políticas e práticas religiosas pacíficas. Quem viver, verá...

ABAIXO O PL-122, porque EXISTIR É RESISTIR!!!