Antepassado da Lucy é descoberto

terça-feira, junho 22, 2010

22/6/2010

Agência FAPESP – Um grupo internacional de cientistas concluiu que um esqueleto parcial encontrado recentemente na Etiópia é de um Australopithecus afarensis. Trata-se da mesma espécie da famosa Lucy, descoberta pelo norte-americano Donald Johanson em 1974.

A diferença é que o novo esqueleto viveu há 3,6 milhões de anos, ou cerca de 400 mil anos antes da Lucy, o que implica que características avançadas nos hominídeos, como a postura ereta ao andar, ocorreram antes do que se estimava.

Denominado Kadanuumuu, esqueleto encontrado na Etiópia é da mesma espécie mas 400 mil anos mais velho que o célebre australopiteco descoberto em 1974 (divulgação)

Os resultados da análise preliminar dos ossos encontrados na região de Afar, na Etiópia, serão publicados esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Escavações na área de Woranso-Mille vem sendo conduzidas desde 2005, após a descoberta do fragmento de um osso do braço. Desde então os antropólogos recuperaram alguns dos ossos mais completos já encontrados de hominídeos.

O exemplar do antepassado da Lucy foi denominado Kadanuumuu, que significa “homem grande” em dialeto da região. Os ossos pertenceram a um hominídeo do sexo masculino com cerca de 1,6 metro – Lucy tinha apenas 1,07 metro.

“Esse indivíduo era totalmente bípede e capaz de caminhar como os humanos modernos. Como resultado da descoberta, podemos dizer com confiança que a Lucy e seus parentes eram quase tão eficientes como nós ao andar sobre as duas pernas e que o alongamento de nossas pernas ocorreu antes, em nossa história evolutiva, do que achávamos”, disse Yohannes Haile-Selassie, do Museu de História Natural de Cleveland, nos Estados Unidos.

O artigo An early Australopithecus afarensis postcranium from Woranso-Mille, Ethiopia (doi/10.1073/pnas.1004527107), de Yohannes Haile-Selassie e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1004527107.

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NOTA DESTE BLOGGER:

Há vozes dissonantes sobre esta descoberta. Zeresenay Alemseged, antropólogo da Academia de Ciências da Califórnia, em San Francisco, discorda:

Alemseged also questions whether the new fossil indeed belongs to A. afarensis. "With all cranial and dental elements missing, there is no compelling evidence to attribute it A. afarensis and not to other known species from around the same time, including Kenyanthropus platyops and A. anamensis," he said.

Kadanuumuu does not have preserved skull fragments or teeth, which are key to making a positive species identification, he said.