Por que nem todos nós somos neodarwinistas felizes?

segunda-feira, março 16, 2009

Por que nem todos nós somos neodarwinistas felizes?
03/16/09

por David Tyler 08:49:53 am

A pergunta do título é feita e respondida por Gunter Theissen, um geneticista da Universidade Friedrich Schiller, Jena, Alemanha. Ele destaca que “muitos dos biólogos criticando o gradualismo tem sido geneticistas”. [SIC ULTRA PLUS 1: A crítica é científica!!!] Estes cientistas não estão procurando briga com a teoria da evolução consensual, e se a Síntese Moderna fosse “capaz de explicar plenamente a origem e a diversificação da vida” [SIC ULTRA PLUS 2: Nós afirmamos isso há uma década], eles a abraçariam.

“Infelizmente, a Teoria Sintética e suas teorias derivadas contemporâneas tem importantes insuficiências, por exemplo, em explicar as novidades e as limitações evolutivas, e a evolução dos planos corporais, que para mim parecem ser aspectos especialmente interessantes do processo evolutivo. Enquanto as teorias evolutivas baseadas na genética de população como a Teoria Sintética não puderem explicar plenamente todos os aspectos da evolução, os cientistas, bem como os leigos, por boas razões continuarão procurando por melhores explicações.” [SIC ULTRA PLUS 3: Eu acho que o Theissen anda lendo muito o meu blog...]






Sssssh! Parem de balançar o barco do gradualismo!
(Fontes aqui e aqui).











“Apesar dos méritos inegáveis de Darwin, explicar como que a enorme complexidade e diversidade dos seres vivos em nosso planeta se originou permanece um dos maiores desafios da biologia.” [SIC ULTRA PLUS 4: O Mysterium tremendum continua Mysterium tremendum, e a maior ideia que toda a humanidade já teve não é assim uma Brastemp epistêmica. Parece ser mais ‘ouro de tolo’...]

O gradualismo tem sido mais influenciado pela ideologia do que pela evidência. A orientação de Lyell forneceu óculos para Darwin que permitiram somente a passagem da luz do uniformitarismo. O livro Origem das Espécies apresentou o melhor caso de Darwin a favor de mudança gradual, mas o veredicto de diversas gerações de estudiosos é que os dados falam o contrário.

“E na verdade, até agora a base empírica do gradualismo estrito é, no melhor dos casos, fraca [SIC ULTRA PLUS 5]. Por exemplo, com suas abruptas transições, o registro fóssil fornece pouca evidência para a evolução gradual de novas formas. Também o padrões de ramificação dos taxa superiores em animais e plantas como são revelados pela cladística e sistemática não apóiam a ideia de que as principais características dos planos corporais e suas partes constituintes surgiram em um modo gradual. Portanto, não é surpreendente que as alternativas ao gradualismo de Darwin tenham sido consideradas muitas vezes durante os últimos 150 anos.” [SIC ULTRA PLUS 6]

[. . .]

“Defensores destes pontos de vista frequentemente não negam totalmente as mudanças graduais (tipicamente durante a adaptação ou microevolução), mas consideram-nas incapazes de explicar a origem das novidades fenotípicas, ou das espécies e ordem de taxa superiores.” [SIC ULTRA PLUS 7]

Os interesses de Theissen giram em torno da biologia do desenvolvimento evolucionário ou “evo-devo”. O pensamento chave é que as novidades biológicas resultam geralmente de mudanças nos genes de controle de desenvolvimento. Embora uma análise mais rigorosa de uma estrutura aparentemente nova pode algumas vezes revelar um mecanismo gradualista, os neodarwinistas não estão justificados em seu pensamento que eles podem inferir que aquela mesma conclusão pode ser deduzida para todas as estruturas. (Note, quando os defensores do DI usam o raciocínio como o de Theissen, este raciocínio geralmente é descrito como sendo “o argumento da incredulidade”.)

“Assim, há sempre uma esperança de que a análise detalhada do desenvolvimento e da base genética de uma característica fenotípica possa no final tornar possível explicar a sua origem num modo gradualista. Todavia, isto é improvável de ocorrer em muitos casos onde uma história de mudança contínua razoável está simplesmente além da imaginação.” [SIC ULTRA PLUS 8]

O artigo de Theissen tem uma série interessante de estudos de caso que são ilustrativos de sua tese de que a evolução saltacional é uma realidade. [SIC ULTRA PLUS 9: Alô Mivart, parece que você, o Gould e o Eldredge estavam certos]. A primeira série se refere a plantas e a segunda série se refere a animais. Esses são argumentos significantes, mais muito frequentemente há um grande problema em que os dados relevantes são limitados. Um, em particular, vale a pena destacar: “Os cirrípedes são os descendentes dos monstros esperançosos”. Este grupo, geralmente descrito como cracas, tomou a atenção de Darwin por muitos anos (vide aqui). Em 2006 foi publicado um estudo que destacava a ausência de um gene particular Hox abdominal-A em diversas espécies pertencentes às três ordens dos Cirrípedes. Isto foi considerado significante porque o gene está presente em um grupo irmão, o Ascothoracida. Theissen escreveu:

“Assim parece provavelmente que a deleção (ou a substituição) de um gene homeótico resultou na origem saltacional de um organismo [. . .] que estabeleceu uma nova linhagem evolutiva. Baseado nos seus dados, os autores levantam a questão se os Cirrípedes são monstros esperançosos. Contudo, desde que os Cirrípedes representam um grupo rico de animais antigos, amplamente distribuídos e de várias espécies, eles são, na minha opinião nem monstros esperançosos nem apenas esperançosos, mas organismos bem adaptados e bem-sucedidos organismos existentes. Portanto, seria mais apropriado considerar os Cirrípedes como descendentes putativos de monstros esperançosos em vez de monstros esperançosos em si mesmos. Não é irônico que os animais favoritos do gradualista irredutível do Darwin possam representar um exemplo excelente de evolução não-gradualista (saltacional)?” [SIC ULTRA PLUS 10: Argh, pereça tal pensamento. Isso é como cometer assassinato!]

Sem dúvida que há muitas questões que podem ser discutidas proveitosamente aqui. Se houve uma deleção de um gene homeótico que resultou na origem dos Cirrípedes, questões sobre a origem dos genes hox e a infra-estrutura de apoio ainda estão sem respostas. Os cientistas do DI também querem investigar se há razões de design para a ausência deste gene particular. Mas os pontos mais relevantes de discussão se relacionam com as controvérsias genuínas que são encontradas dentro da biologia evolutiva. Que as diferenças são sérias é óbvio por estes comentários:

“Poucos biólogos contemporâneos duvidarão que o gradualismo reflita o modo de evolução mais freqüente, mas se esse é o único, isso permanece controverso. [. . .] Concluindo, eu argumento que a completa rejeição da evolução saltacional é o maior erro histórico da biologia evolutiva que remonta a Darwin que precisa ser corrigida.” [SIC ULTRA PLUS 11: E Darwin não tinha tido a maior ideia que toda a humanidade já teve? Dennett, menos guri!]

Contraste as palavras acima com algumas afirmações sem rodeios vindas de neodarwinistas.

Alan Lesher, presidente da American Association for the Advancement of Science [a SBPC dos gringos]: “Mas virtualmente não existe controvérsia sobre a evolução entre a maioria esmagadora dos pesquisadores”.

Professor Jerry Coyne, do Departamento de Ecologia e Evolução na Universidade de Chicago, rejeita todas as iniciativas de se “ensinar a controvérsia”, dizendo “não se preocupe que a controvérsia sobre a evolução não é científica, mas social e política.” [SIC ULTRA PLUS 12: Coyne, e agora? Theissen é um cientista evolucionista...]

78 líderes de ciência e de associações educacionais endossaram estas palavras: “A teoria da evolução está ao nível da teoria da relatividade de Einstein como um dos conceitos da ciência moderna mais robusto, geralmente aceito, plenamente testado e amplamente aplicável. Do ponto de vista da ciência, não há controvérsia.” [SIC ULTRA PLUS 13: Há o que então? Briga de foice no escuro???]

Os comentaristas mais perspicazes irão qualificar suas palavras e dizer que, embora não haja controvérsia sobre o princípio da evolução de um ancestral comum unicelular, há controvérsia considerável sobre o os mecanismos. Todavia, até esta posição precisa ser criticada porque há também um debate científico a acontecer sobre a ancestralidade comum. Um resultado é claro de tudo isso: os professores precisam incorporar este pensamento em seus programas educacionais. [SIC ULTRA PLUS 14: Alô MEC/SEMTEC/PNLEM, é isso que este historiador de ciência em formação vem pugnando desde 2003.]

Aqueles que somente querem varrer as controvérsias científicas para debaixo do tapete de agenda sócio-políticas não estão representando a ciência adequadamente para seus alunos. O modo de se lidar com uma controvérsia não é o professor tomar partido de um lado, mas ajudar aos alunos a reconhecer percepções diferentes dos mesmos dados e desenvolver estratégias para avaliação das várias posições. Quando o princípio de análise crítica for aplicado, isso significa que a hegemonia do neodarwinismo como ciência “establishment” vai se acabar (porque ele terá que usar argumentos racionais em vez de apelar para o consenso). Então, talvez, nós poderemos ir além da onda e do orgulho associados com as origens e as causa últimas.

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Saltational evolution: hopeful monsters are here to stay
Gunter Theissen
Theory in Biosciences, 128(1), 43-51 | DOI 10.1007/s12064-009-0058-z
Abstract: Since 150 years it is hypothesized now that evolution always proceeds in a countless number of very small steps, a view termed "gradualism". Few contemporary biologists will doubt that gradualism reflects the most frequent mode of evolution, but whether it is the only one remains controversial. It has been suggested that in some cases profound ("saltational") changes may have occurred within one or a few generations of organisms. Organisms with a profound mutant phenotype that have the potential to establish a new evolutionary lineage have been termed "hopeful monsters". Recently I have reviewed the concept of hopeful monsters in this journal mainly from a historical perspective, and provided some evidence for their past and present existence. Here I provide a brief update on data and discussions supporting the view that hopeful monsters and saltational evolution are valuable biological concepts. I suggest that far from being mutually exclusive scenarios, both gradual and saltational evolution are required to explain the complexity and diversity of life on earth. In my view, gradual changes represent the usual mode of evolution, but are unlikely to be able to explain all key innovations and changes in body plans. Saltational changes involving hopeful monsters are probably very exceptional events, but since they have the potential to establish profound novelties sometimes facilitating adaptive radiations, they are of quite some importance, even if they would occur in any evolutionary lineage less than once in a million years. From that point of view saltational changes are not more bizarre scenarios of evolutionary change than whole genome duplications, endosymbiosis or impacts of meteorites. In conclusion I argue that the complete dismissal of saltational evolution is a major historical error of evolutionary biology tracing back to Darwin that needs to be rectified.

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NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Alô Exmo. Sr. Ministro da Educação, o fato, Fato, FATO da evolução é tema controverso entre os evolucionistas. Nossos alunos do ensino médio merecem mais respeito com sua cidadania, pois eles estão sendo lesados na abordagem da evolução nos livros didáticos de Biologia do ensino médio aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM.

O nome disso é desonestidade acadêmica!