EXTRA! EXTRA! Michael Ruse, ateu, o mais novo “Advogado do Diabo” dos criacionistas

terça-feira, fevereiro 19, 2008

O journal Isis é a Bíblia dos historiadores de ciência. Aqui e ali, a gente encontra artigos e resenhas de livros que batem de frente com a historiografia consensual, oops “mainstream” é mais chique.

O pesquisador em História da Ciência deve ser objetivo, imparcial e se render aos fatos historiográficos, mas na condição de ex-ateu, eu vou me dar a liberdade de fazer mais uma vez o papel de “Advogado do Diabo” dos criacionistas, i.e., vou dar munição para eles combaterem em pé de igualdade os neo-ateus fundamentalistas pós-modernos, chiques e perfumados a la Dawkins, Dennett e Harris.

Você pode se perguntar, por que ele está sendo tão cruel com os ateus? É porque o neo-ateísmo fundamentalista é uma religião extremamente perigosa e antropofágica. O ateísmo tem dogmas: Deus não existe, eu odeio Deus, eu odeio os crentes. O Michael Ruse é darwinista e ateu, e é por isso que eu resolvi municiar os criacionistas com este míssil Exocet publicado na maior revista especializada em História da Ciência.

Ruse, ateu, detona Richard Dawkins, ateu, et caterva, sem dó nem piedade, na sua resenha na Isis, principalmente destacando a ignorância de Dawkins sobre muitos assuntos, mas eu só vou destacar o último parágrafo de sua resenha.


RESENHAS DE LIVRO — ISIS, 98 : 4 (2007) pp. 814-816
Richard Dawkins. The God Delusion. x_ 406
pp., app., index. Boston/New York: Houghton
Mifflin, 2006. $27.

“... Uma preocupação final não pessoal. Uma parte principal do ataque ateísta é que a ciência tem demonstrado que a hipótese Deus é tola. Suponhamos que isso seja verdade — que se você for darwinista, então você não pode ser cristão. Então como que alguém responde ao criacionista que faz objeção ao ensino do darwinismo nas escolas? Se vale para um, vale para o outro. Se teísmo não pode ser ensinado nas escolas (nos Estados Unidos) porque viola a separação da Igreja e o Estado, por que então deve ser permitido o darwinismo? Se o darwinismo leva ao ateísmo, isso também não viola a separação da Igreja e o Estado? No mínimo, Dawkins e companhia deveriam estar mostrando mais responsabilidade. Se eles estiverem certos, então que seja. Eu não desejaria ocultar o fato. Mas vamos enfrentar as conseqüências dos argumentos. Explique para nós em que base alguém pode agora legitimamente ensinar a evolução nas escolas. Eu acho que alguém pode, porque eu não vejo o elo entre o darwinismo e o ateísmo. Aqueles que enxergam tal elo deveriam nos dizer por que o darwinismo pode ser ensinado, ou aceitar que talvez, devido a constituição dos Estados Unidos, os criacionistas estão certos e o darwinismo deveria ser excluído.” [1]

Caracas, mano! O Michael Ruse uma hora dessas já deve estar sendo “queimado vivo” pelos agentes da KGB da Nomenklatura científica internacional. Vou ousar uma predição aqui: pela estatura acadêmica de Ruse, eles vão tentar por isso em banho Maria, diluir o impacto que isso possa provocar, e somente reagirão e farão alguma coisa se o argumento de Ruse for realmente um tiro nos pés de Darwin: provocar o não ensino da evolução nas escolas públicas americanas.

Nós do movimento do Design Inteligente somos contra isso, porque nós somos a favor de que a teoria geral da evolução seja ensinada honestamente, objetivamente, com os alunos tomando conhecimento das evidências a favor e contra o fato, Fato, FATO da evolução [eu devo essa ao Michael Ruse]. Stephen Jay Gould disse em 1980 que o neodarwinismo era uma teoria científica morta, mas que permanecia como ortodoxa somente nos livros didáticos.

Hoje, os alunos do ensino médio e superior do mundo inteiro estão sendo violentados na sua cidadania pela supressão intencional de informação fundamental na sua formação educacional. É que essas informações mostram a fragilidade de Darwin no contexto da justificação teórica. O nome disso é desonestidade acadêmica. Com o aval da Nomenklatura científica...

Ruse, ateu, versus Dawkins, ateu! Para desespero da Nomenklatura científica, Ruse é o mais novo e poderoso “Advogado do Diabo” dos criacionistas. Durma-se com um barulho desses, o que mais nos reserva este mundo pós-moderno???

Fui, rindo da cara dos meninos e meninas da Galera de Darwin, oops de Dawkins!

NOTA:

1. BOOK REVIEWS — ISIS, 98 : 4 (2007) pp. 814-816
Richard Dawkins. The God Delusion. x_ 406
pp., app., index. Boston/New York: Houghton
Mifflin, 2006. $27.

A final, nonpersonal worry. A major part of the atheist attack is that science has shown that the God hypothesis is silly. Suppose this is true — that if you are a Darwinian, then you cannot be a Christian. How then does one answer the creationist who objects to the teaching of Darwinism in schools? Sauce for the goose is sauce for the gander. If theism cannot be taught in schools (in America) because it violates the separation of church and state, why then should Darwinism be permitted? If Darwinism leads to atheism, does this not also violate the separation of church and state? At the very least, Dawkins and company should be showing more responsibility. If they are right, then so be it. I would not want to conceal the fact. But let us face the consequences of the arguments. Explain to us on what grounds one can now legitimately teach evolution in schools. I think one can because I don’t see the link between Darwinism and atheism. Those who do see such a link should tell us why Darwinism can be taught or accept that perhaps, given the U.S. Constitution, the creationists are right and Darwinism should be excluded. MICHAEL RUSE