EXTRA! EXTRA! Biólogo encoraja o livre debate da teoria do Design Inteligente nas universidades

sábado, janeiro 20, 2007

EXTRA! EXTRA! Biólogo encoraja o livre debate da teoria do Design Inteligente nas universidades

“O Dr. José Mariano Amabis, professor-doutor do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências da USP, e coordenador de Educação do Centro de Estudos do Genoma Humano, em entrevista ao jornalista Marcelo Leite no caderno Mais! da Folha de São Paulo, encoraja o livre debate da teoria do Design Inteligente nas universidades brasileiras”.

Você se assustou? Caiu de costas para trás? Teve uma apoplexia? Taquicardia? Esclareço: essa entrevista não aconteceu. Não é ainda verdade aqui na grande taba tupiniquim, mas aconteceu alhures em tabas mais civilizadas e adiantadas cientificamente do que em Pindorama. [1]

“Bravo por encorajar a discussão do Design Inteligente” é um artigo de Larry Caldwell, traduzido abaixo:

The Chronicle of Higher Education está disponibilizando atualmente um ponto de vista diferente intitulado, “Why Can't We Discuss Intelligent Design?” [Por que não podemos discutir o Design Inteligente?] de J. Scott Turner, [2] defendendo a livre discussão do Design Inteligente nos campi universitários. A mudança inusitada [na seção de ponto de vista]: o Dr. Turner é um professor-associado de biologia na State University of New York's College of Environmental Science and Forestry que considera o design inteligente como “indo na direção errada”, mas mesmo assim merece ser discutido na Academia.

Turner, que estuda os térmitas [cupins] e suas “extraordinárias construções”, relata quão recentemente, a simples menção do termo “design” numa palestra incitou um impertinente oponente do Design Inteligente a interromper Turner várias vezes num esforço de impedi-lo de finalizar sua palestra. Ironicamente, Turner nem sequer atribui tal “design” aparente nas construções dos cupins a uma causa inteligente.

Turner surpreende-se como, desde Darwin, a simples menção da palavra “design” em conexão com a biologia pode evocar o que Turner chama de “A Pausa, o silêncio estranho que segue tipicamente a uma gafe”. Turner destaca em seguida:

“Se apenas uma palavra carregada como “design” pode evocar “A Pausa”, combinando duas palavras carregadas — como na frase “design inteligente” — parece fazer pessoas então tidas como sãs perderem o seu equilíbrio. Se você gosta de ironia, como eu gosto, o espetáculo pode dar horas de entretenimento. Eu fico pensando, por exemplo, que demônio se apossou do ex-presidente da Cornell University quando ele destacou o design inteligente como a única ameaça aos discursos acadêmico e civil. As universidades não devem ser um lugar para idéias perigosas?”

Turner dá este conselho bem-vindo aos seus colegas biólogos:

“Amigos, o design inteligente é apenas uma idéia. Você pode crer (como eu creio) que é uma idéia indo na direção errada, mas é difícil entender como que apenas isso deva desqualificá-la do discurso acadêmico. A Academia está cheia de idéias indo na direção errada, mas porque discutir essas idéias é a sua função essencial. Até idéias más podem ter partes essenciais de verdade, e é o papel da Academia descobri-las. Isso somente pode ser feito no sol e no ar fresco de um discurso acadêmico normal. Expulsar uma idéia é a maneira mais certa para permitir que o erro sobreviva”.

Turner também salienta a ironia dos cientistas que afirmam ser zelosamente contra qualquer mistura de religião e ciência, e mesmo assim aprovam a mistura espalhafatosa de ciência e religião de Richard Dawkins na sua recente diatribe anti-religiosa, The God Delusion [A Ilusão de Deus, a ser traduzido e publicado em 2007 pela Companhia das Letras] (Houghton Mifflin, 2006).

Turner deve ser aplaudido pela sua coragem de propor um debate livre da significância científica da aparência de design na natureza, e o The Chronicle of Higher Education deve ser aplaudido por ter publicado o ponto de vista de Turner. Quiçá outros na Academia irão reconhecer o valor em permitir a teoria do design inteligente seja livremente discutida e debatida — se eles concordam ou não com o Design Inteligente.

Postado por Larry Caldwell 19 de janeiro de 2007 12:34 AM Permalink

[1] Usei o Dr. José Mariano Amabis e o Dr. Marcelo Leite como personagens desta entrevista fictícia, por suas declarações finais emblemáticas no encerramento da V Sao Paulo Research Conference, na Fac. de Medicina da USP, 18-20 de maio de 2006, onde apresentei um pôster bem ousado: “Uma Iminente Mudança Paradigmática em Biologia Evolutiva?”

Amabis disse que todo e qualquer ataque à evolução era um ataque à ciência. Educada e polidamente discordei publicamente do eminente cientista brasileiro de que nem todas as críticas à evolução eram ataques à ciência, mas que elas promoviam o avanço da ciência. Amabis, diferente de muitos com menos graduação acadêmica, humildemente refez o raciocínio, mas redirecionou o ataque à evolução e à ciência como vindo tão-somente dos criacionistas.

Marcelo Leite encerrou sua participação na mesa-redonda do evento e, questionado sobre o avanço ‘assustador do criacionismo fundamentalista’ no Brasil e da existência de possíveis oponentes academicamente à altura de um debate, no estilo stalinista de ‘guarda-cancela epistemológico’ disse que não existia alguém assim e que na Grande Mídia Tupiniquim ‘não damos espaço’ para eles. Nem para o Design Inteligente, a não ser quando para desacreditar uma idéia que não pode se defender porque não lhe dão espaço midiático.

Se essas são posturas racionais de nossos mais eminentes luminares, pobre Academia brasileira que não discute idéias perigosas como o Design Inteligente, e sofre da ‘síndrome dos soldadinhos-de-chumbo’ do pensamento uniforme e consensual. Quem foi que nos roubou a ousadia de discutir temas polêmicos em nossas universidades? São os poderosos braços inquisitoriais da KBG da Nomenklatura científica [professores titulares, chefes de departamento, revisores – peer-reviewers é mais chique] impedindo que a universidade seja um universo livre de debates de idéias.

A Idade das Trevas pós-moderna em nada difere de muitos pontos da longa Idade Média. Que essa nova idade das trevas seja breve. Pro bonum scientia!

[2] A coragem de Turner em abordar o DI foi objeto deste blogger.
http://pos-darwinista.blogspot.com/2007/01/no-adianta-jogar-pedras-na-geni-o.html