EXTRA! EXTRA! A 'Arvore da Vida' de Darwin vai ser 'extinta' dos livros didáticos de Biologia!

sábado, setembro 23, 2006

Nada como um dia atrás do outro neste grande empreendimento chamado ciência. O bom da ciência é que ela não é dogmática, é um processo de autocorreção e o abandono de erros que já foram considerados verdade um dia.

Bem, com tudo isso em mente, e mais o espírito civil de nossa Academia em considerar livremente e civilmente todas as idéias, que tal abordar um ponto 'dogmático' encontrado em nossos melhores livros-texto de Biologia do ensino médio e universitário – a hipótese da Árvore da Vida – a descendência com modificação de um ancestral comum?


A árvore da vida de Darwin – a única figura do seu livro Origem das Espécies.

Atenção Grande Mídia Tupiniquim – que tal suas editorias de ciência [especialmente a da Folha de São Paulo] abordar temas de grande relevância científica como este? O artigo aqui é do ano passado, e este blogger não viu ser discutido em lugar nenhum. Filtro censor???
Diktadura orwelliana!

Atenção autores de livros didáticos – o conteúdo dos seus livros-texto já está desatualizado com o atual conhecimento científico. Doolittle et al detonaram a Árvore da Vida de Darwin...

Atenção editoras – sejam boazinhas, esqueçam um pouco esta fome voraz por lucros e contribuam para o avanço da ciência no Brasil publicando anualmente novas edições mais atualizadas e mais cientificamente objetivas dos seus livros didáticos de Biologia.

Atenção alunos do ensino médio e superior – perguntem aos seus professores se eles já tomaram conhecimento disso. Caso não tenham, favor levar um pouco de conhecimento atualizado para eles.

Vamos ao texto, oops, Abstract:

BMC Evol Biol 2005 May 24;5(1):33.

As filogenias de genes ortólogos apóiam realmente a elaboração de árvore?

Bapteste E, Susko E, Leigh J, MacLeod D, Charlebois RL, Doolittle WF.

GenomeAtlantic, 1721 Lower Water Street, Suite 401, Halifax, NS, B3J 1S5, Canada. eric.bapteste@dal.ca

BACKGROUND: Desde o livro de Darwin Origem das Espécies, reconstruir a Árvore da Vida tem sido um objetivo do evolucionistas, e a elaboração de árvore se tornou um conceito principal da biologia evolutiva. Praticamente, construir a Árvore da Vida provou ser uma coisa enfadonha. Muito poucos caracteres morfológicos são úteis para conduzir análises filogenéticas conclusivas no mais alto nível taxonômico. Conseqüentemente, as seqüências moleculares (genes, proteínas, e genomas) provavelmente constituem os únicos caracteres úteis para construir uma filogenia de toda a vida. Por esta razão, os especialistas na elaboração de árvore esperam bastante de comparações de gene. O estudo simultâneo do maior número possível de marcadores moleculares é algumas vezes considerado ser uma das melhores soluções na reconstrução da genealogia de organismos. Esta conclusão é uma conseqüência direta da elaboração de árvore: se a herança de gene se conforma a um modelo de evolução tipo árvore, experimentar mais essas moléculas irá fornecer bastante sinal filogenético para construir a Árvore da Vida. A seleção de marcadores congruente é então um passo fundamental na análise simultânea de muitos genes. RESULTADOS: As análises de 'Heat map' foram utilizadas para investigar a congruência de ortólogos em quatro séries de dados (archaeal, bacterial, eucariótico e alfaproteobacterial). Nós concluímos que nós simplesmente não podemos determinar seuma grande quantidade de genes tem uma história [evolutiva] comum. Além disso, nenhuma dessas séries de dados pode ser considerada livre de transferência lateral de gene. CONCLUSÃO: As nossas análises filogenéticas não apóiam a elaboração de árvore. Esses resultados têm implicações conceituais e práticas importantes. Nós argumentamos que outras representações que não a de árvore devam ser investigadas neste caso porque a concatenação não crítica de marcadores pode ser altamente enganadora.


PMID: 15913459 [PubMed - indexed for MEDLINE]

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Depois deste serviço de utilidade pública para o avanço da ciência na Taba Tupiniquim, este blogger vai aproveitar o fim de semana que cientista não é de ferro. Alô MEC/SEMTEC, eu sei que vocês lêem o meu blog – não se esqueçam de avisar o seu grupo de especialistas (depois de tanto bater à porta do MEC/SEMTEC reclamando do conteúdo distorcido das evidências nos livros-texto, eles criaram esse grupo tarefa) que examinam o conteúdos dos livros didáticos de Biologia, que eles vão ter que cobrar esta atualização de conhecimento científico dos autores.

Meninos da galera ultradrawinista, sejam menos fundamentalistas, dancem e riam, pois ciência que não dança e nem ri, não vale a pena perseguir (parafraseando a Nietzsche).

O texto integral pode ser baixado gratuitamente neste link.


A Grande Árvore da Vida de Darwin, quem diria, agora está mais parecendo um emaranhado de arbustos. É mais um ícone evolutivo que a scientia qua scientia 'poda'!

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BMC Evol Biol 2005 May 24;5(1):33.

Do orthologous gene phylogenies really support tree-thinking?

Bapteste E, Susko E, Leigh J, MacLeod D, Charlebois RL, Doolittle WF.

GenomeAtlantic, 1721 Lower Water Street, Suite 401, Halifax, NS, B3J 1S5, Canada. eric.bapteste@dal.ca

BACKGROUND: Since Darwin's Origin of Species, reconstructing the Tree of Life has been a goal of evolutionists, and tree-thinking has become a major concept of evolutionary biology. Practically, building the Tree of Life has proven to be tedious. Too few morphological characters are useful for conducting conclusive phylogenetic analyses at the highest taxonomic level. Consequently, molecular sequences (genes, proteins, and genomes) likely constitute the only useful characters for constructing a phylogeny of all life. For this reason, tree-makers expect a lot from gene comparisons. The simultaneous study of the largest number of molecular markers possible is sometimes considered to be one of the best solutions in reconstructing the genealogy of organisms. This conclusion is a direct consequence of tree-thinking: if gene inheritance conforms to a tree-like model of evolution, sampling more of these molecules will provide enough phylogenetic signal to build the Tree of Life. The selection of congruent markers is thus a fundamental step in simultaneous analysis of many genes. RESULTS: Heat map analyses were used to investigate the congruence of orthologues in four datasets (archaeal, bacterial, eukaryotic and alpha-proteobacterial). We conclude that we simply cannot determine if a large portion of the genes have a common history. In addition, none of these datasets can be considered free of lateral gene transfer. CONCLUSION: Our phylogenetic analyses do not support tree-thinking. These results have important conceptual and practical implications. We argue that representations other than a tree should be investigated in this case because a non-critical concatenation of markers could be highly misleading.

PMID: 15913459 [PubMed - indexed for MEDLINE]