O 'segundo código genético' no DNA: Design Inteligente?

quarta-feira, julho 26, 2006

Eu não gosto de comparações – elas nem sempre refletem a verdade dos fatos, mas eu fiquei bastante intrigado como a notícia da descoberta científica de um segundo código genético dentro do DNA por um grupo de pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciência, de Israel foi publicada de forma cientificamente inadequada pela Folha de São Paulo.

Não sou jornalista, mas tenho vários amigos e amigas jornalistas na Grande Mídia Tupiniquim. Sei de suas limitações, da lógica do capital, do posicionamento editorial [não seria 'ditatorial'?] e outros interesses ditam o que pode e não pode ser publicado, mas a editoria da FSP recebe 'press releases' das grandes publicações e poderia ter dado uma notícia melhor. Até este blogger recebe 'press releases'...



O dogma central em biologia hoje é o DNA como sendo 'o mapa da vida'. Aqui neste blog afirmei – os teóricos e pesquisadores do Design Inteligente há muito vem dizendo que o DNA não é tudo, mas a Grande Mídia Internacional e Tupiniquim 'não dão espaço' para esse bando de 'cripto-criacionistas', 'fundamentalistas', 'crentes da Terra plana', 'eles querem mudar o conceito de ciência', 'eles não são cientistas' e otras cositas más...

Fiquei intrigado com o tamanho acanhado e obscuro da nota publicada ontem na FSP: 6 caraminguados parágrafos remetendo o leitor para o estudo publicado na revista Nature – convenhamos, luxo para bem poucos aqui em Pindorama. Vai ver, eles não quiseram foi dar status científico ao que nós estamos apontando e pesquisando: o DNA não é responsável sozinho por toda a informação genética.

Bem, vamos à pequena nota que deveria ter recebido destaque maior na FSP – saiu até no jornal The New York Times. Lá, o jornalista Nicholas Wade destacou o trabalho feito também pelos pesquisadores da Northwestern University (a FSP omitiu isso) que descobriram que o 'empacotamento' do DNA em torno dos nucleossomos (feitos de proteínas chamadas histonas com 'caudas' de átomos variantes) segue um padrão que regula como os genes são expressos. Esses padrões determinam onde os fatores de transcrição se ligam ao DNA:

"O padrão é uma combinação de seqüências que tornam mais fácil para o DNA se encurvar e se enrolar bem apertado em torno de um nucleossomo. Mas o padrão exige que somente algumas das seqüências estejam presente em cada local de ligação de nucleossomo, assim, não é óbvio. A frouxidão de suas exigências é presumivelmente a razão de não ser incompatível com o código genético, que também tem um pouco de redundância ou espaço para serpentear construído dentro de si".

Os fatores de transcrição são impedidos de se ligarem aos genes errados quando eles são 'empacotados' em torno de partes do nucleossomo que os torna inacessíveis.

Nicholas Wade afirmou no seu artigo que este código é altamente conservado (i.e., não evoluído) em todos os organismos vivos:

"O nucleossomo é feito de proteínas conhecidas como histonas, que estão entre as mais altamente conservadas na evolução, significando que elas mudam muito pouco de uma espécie para outra. Uma histona de ervilhas e vacas diferem apenas em duas de suas 102 unidades de aminoácidos. A conservação é geralmente atribuída ao encaixe exato exigido entre as histonas e o DNA envolto nelas. Mas outra razão, sugeriu o Dr. Segal, poderia ser que qualquer mudança poderia interferir com a capacidade dos nucleossomos acharem as suas posições designadas [sic] no DNA.


Não seria este fenômeno melhor interpretado como uma instância de design inteligente do que evolução cega e aleatória? Interessante, Wade usou a palavra "designed" no final de seu artigo ao descrever como que este novo código explica um mistério sobre o DNA – por que há redundância no número de códons que codificam em um determinado aminoácido: “Os biólogos têm especulado [sic] há bastante tempo que a redundância pode ter sido planejada [sic] a fim de coexistir com algum outro tipo de código... E isso poderia ser o código do nucleossomo", disse o Dr. Eran Segal, do Instituto de Ciência Weizmann.

Esta pesquisa foi feita pelo Dr. Eran Segal, o aluno Yair Field, do Departamento de Ciência da Computação e Matemática Aplicada do Instituto de Ciência Weizmann, e colegas da Northwestern University em Chicago. NOTA BENE: Estes pesquisadores são da área de “biologia computacional” – área de estudo muito mais apropriada para o pensamento em design intencional do que especulação evolucionária.

Um pouco de história da ciência não faz mal aqui: há muito tempo os matemáticos questionam a probabilidade da evolução ser um FATO científico incontestável. Em 1965, Murray Eden, então professor de engenharia elétrica no MIT – Massachusetts Institute of Technology, juntamente com o matemático francês Marcel Paul Schutzenberger (1920-1996), membro da Academia Francesa de Ciência, e outros, começaram a modelar a seleção natural de mutações aleatórias usando a teoria da probabilidade.

As primeiras indicações de uma dissensão científica contemporânea contra Darwin começaram com as conclusões registradas no Wistar Symposium [Simpósio Wistar] realizado no centro de pesquisas Wistar Institute da Universidade da Pensilvânia, em julho de 1966. Infelizmente, acesso àqueles anais somente in loco como pesquisador...

Qual lição podemos tirar desta pequena nota da FSP – há razões para a Nomenklatura científica blindar Darwin de quaisquer situações epistêmicas incômodas que a própria razão desconhece, mas que a ideologia do naturalismo filosófico explica: CENSURA!

O neodarwinismo - paradigma morto há mais de 25 anos vai dar lugar a outro paradigma, duela a quien duela (Collor)!!!

++++

Abaixo a nota da FSP e da Science Daily. Comparem os tamanhos e a objetividade do jornalismo científico. Qual das duas praticou jornalismo científico?

JC e-mail 3065, de 25 de Julho de 2006

Estudo aponta segundo código genético no DNA

Um grupo de pesquisadores do Instituto Weizmann, de Israel, anunciou ter descoberto padrões de organização nas bases da molécula de DNA que podem representar um segundo código genético.

Já se sabia que o DNA determina seqüências de aminoácidos -componentes das proteínas-, mas a nova pesquisa afirma que ele pode carregar também a receita para posicionar os chamados nucleossomos.

Essas as minúsculas bolotas protéicas em torno das quais o DNA se "empacota" enquanto não é ativado.

A descoberta, se confirmada, daria nova perspectiva ao estudo do controle da produção de proteínas.

O novo código -que existe em sobreposição ao já conhecido- poderia ajudar a descobrir como o organismo controla a ativação de genes, fenômeno que varia entre tipos diferentes de célula.

O estudo saiu na revista científica "Nature".

(Folha de SP, 25/7)


Science Daily

Source: Weizmann Institute of Science
Posted: July 20, 2006

Scientists Discover A Genetic Code For Organizing DNA Within The Nucleus

DNA -- the long, thin molecule that carries our hereditary material -- is compressed around protein scaffolding in the cell nucleus into tiny spheres called nucleosomes. The bead-like nucleosomes are strung along the entire chromosome, which is itself folded and packaged to fit into the nucleus. What determines how, when and where a nucleosome will be positioned along the DNA sequence? Dr. Eran Segal and research student Yair Field of the Computer Science and Applied Mathematics Department at the Weizmann Institute of Science have succeeded, together with colleagues from Northwestern University in Chicago, in cracking the genetic code that sets the rules for where on the DNA strand the nucleosomes will be situated. Their findings appeared today in Nature.

The precise location of the nucleosomes along the DNA is known to play an important role in the cell's day to day function, since access to DNA wrapped in a nucleosome is blocked for many proteins, including those responsible for some of life's most basic processes. Among these barred proteins are factors that initiate DNA replication, transcription (the transfer of genetic information from DNA to RNA) and DNA repair. Thus, the positioning of nucleosomes defines the segments in which these processes can and can't take place. These limitations are considerable: Most of the DNA is packaged into nucleosomes. A single nucleosome contains about 150 genetic bases (the "letters" that make up a genetic sequence), while the free area between neighboring nucleosomes is only about 20 bases long. It is in these nucleosome-free regions that processes such as transcription can be initiated.

For many years, scientists have been unable to agree whether the placement of nucleosomes in live cells is controlled by the genetic sequence itself. Segal and his colleagues managed to prove that the DNA sequence indeed encodes "zoning" information on where to place nucleosomes. They also characterized this code and then, using the DNA sequence alone, were able to accurately predict a large number of nucleosome positions in yeast cells.

Segal and his colleagues accomplished this by examining around 200 different nucleosome sites on the DNA and asking whether their sequences have something in common. Mathematical analysis revealed similarities between the nucleosome-bound sequences and eventually uncovered a specific "code word." This "code word" consists of a periodic signal that appears every 10 bases on the sequence. The regular repetition of this signal helps the DNA segment to bend sharply into the spherical shape required to form a nucleosome. To identify this nucleosome positioning code, the research team used probabilistic models to characterize the sequences bound by nucleosomes, and they then developed a computer algorithm to predict the encoded organization of nucleosomes along an entire chromosome.

The team's findings provided insight into another mystery that has long been puzzling molecular biologists: How do cells direct transcription factors to their intended sites on the DNA, as opposed to the many similar but functionally irrelevant sites along the genomic sequence? The short binding sites themselves do not contain enough information for the transcription factors to discern between them. The scientists showed that basic information on the functional relevance of a binding site is at least partially encoded in the nucleosome positioning code: The intended sites are found in nucleosome-free segments, thereby allowing them to be accessed by the various transcription factors. In contrast, spurious binding sites with identical structures that could potentially sidetrack transcription factors are conveniently situated in segments that form nucleosomes, and are thus mostly inaccessible.

Since the proteins that form the core of the nucleosome are among the most evolutionarily conserved in nature, the scientists believe the genetic code they identified should also be conserved in many organisms, including humans. Several diseases, such as cancer, are typically accompanied or caused by mutations in the DNA and the way it organizes into chromosomes. Such mutational processes may be influenced by the relative accessibility of the DNA to various proteins and by the organization of the DNA in the cell nucleus. Therefore, the scientists believe that the nucleosome positioning code they discovered may aid scientists in the future in understanding the mechanisms underlying many diseases.
Dr. Eran Segal's research is supported by the Arie and Ida C
rown Memorial